Introdução ao Módulo Dependências ou Adição ou Transtorno do Uso de Substâncias: II
Falamos na postagem anterior da importância da nomenclatura pois ela explicita o que o médico (entendido como todos os profissionais de saúde encarregados do tratamento) pensa do transtorno que pretende tratar.
Assim, o conceito moral pode ser aqui abandonado, não nos interessa, ficando um outro que é o de doença. Então tratamos um doente. Nesse sentido um outro ponto negativo aparece: a pessoa tratada pode se colocar na posição passiva de paciente, deixando por conta do profissional todo o trabalho: doutora me dá um remédio para passar minha vontade de beber, por exemplo. Ou poderíamos ler por trás da demanda dos nossos pacientes: doutora me dá um remédio para que eu possa beber sem que me faça mal. E não é assim diante de tantas outras doenças crônicas? Quero comer sem ter dislipidemia, quero ter saúde sem fazer exercícios físicos,quero dormir sem fazer a higiene do sono.
Pois bem, a dependência não é diferente. Então desde o começo o médico deve deixar claro que será um caminho a ser percorrido junto, onde o paciente receberá o apoio necessário do médico, mas terá que fazer a sua parte que será direcionada pelo médico. Seria então melhor tira-lo da passiva posição de paciente e passar a considera-lo "cliente" o que naturalmente não é o ideal pois dá a impressão de objeto de lucro. Podemos chama-lo de parceiro no tratamento.
Numa visão mais moderna consideram-se as adições como comportamentos não adaptativos superaprendidos. Sendo o comportamento reforçado pelo circuito de recompensa, tantas vezes se repetiu e foi reforçado que tornou-se consolidado. Cumpre desaprender. Mas como a memória da droga permanece, o que faremos no tratamento será acrescentar sobre esses, novos comportamentos. Será por exemplo necessário arescentar a memória de uma praia sem droga, após anos , muitas vezes desde a adolescência SEMPRE usando droga na praia. Claro que não é fácil. O paciente até tem medo. Sobre este aspecto do medo nosso grupo criou uma estratégia: apenas tentar, um dia, algumas horas, e em seguida vir a uma consulta relatar o que aconteceu. Amparamos e discutimos seu medo.
Para quem não é dependente de nada, sempre aconselho a olhar para sua vida e observar se não há lá escondido um comportamento que se repete, é reforçador mas que por não causar danos não é valorizado. Se você descobre que adora liquidação de shopping mesmo só comprando dentro de suas possibilidades, tente não fazer isso durante alguns meses. E sinta mais ou menos o que está pedindo ao seu paciente: é extremamente dificil e causa estresse o que estamos pedindo.
Falamos na postagem anterior da importância da nomenclatura pois ela explicita o que o médico (entendido como todos os profissionais de saúde encarregados do tratamento) pensa do transtorno que pretende tratar.
Assim, o conceito moral pode ser aqui abandonado, não nos interessa, ficando um outro que é o de doença. Então tratamos um doente. Nesse sentido um outro ponto negativo aparece: a pessoa tratada pode se colocar na posição passiva de paciente, deixando por conta do profissional todo o trabalho: doutora me dá um remédio para passar minha vontade de beber, por exemplo. Ou poderíamos ler por trás da demanda dos nossos pacientes: doutora me dá um remédio para que eu possa beber sem que me faça mal. E não é assim diante de tantas outras doenças crônicas? Quero comer sem ter dislipidemia, quero ter saúde sem fazer exercícios físicos,quero dormir sem fazer a higiene do sono.
Pois bem, a dependência não é diferente. Então desde o começo o médico deve deixar claro que será um caminho a ser percorrido junto, onde o paciente receberá o apoio necessário do médico, mas terá que fazer a sua parte que será direcionada pelo médico. Seria então melhor tira-lo da passiva posição de paciente e passar a considera-lo "cliente" o que naturalmente não é o ideal pois dá a impressão de objeto de lucro. Podemos chama-lo de parceiro no tratamento.
Numa visão mais moderna consideram-se as adições como comportamentos não adaptativos superaprendidos. Sendo o comportamento reforçado pelo circuito de recompensa, tantas vezes se repetiu e foi reforçado que tornou-se consolidado. Cumpre desaprender. Mas como a memória da droga permanece, o que faremos no tratamento será acrescentar sobre esses, novos comportamentos. Será por exemplo necessário arescentar a memória de uma praia sem droga, após anos , muitas vezes desde a adolescência SEMPRE usando droga na praia. Claro que não é fácil. O paciente até tem medo. Sobre este aspecto do medo nosso grupo criou uma estratégia: apenas tentar, um dia, algumas horas, e em seguida vir a uma consulta relatar o que aconteceu. Amparamos e discutimos seu medo.
Para quem não é dependente de nada, sempre aconselho a olhar para sua vida e observar se não há lá escondido um comportamento que se repete, é reforçador mas que por não causar danos não é valorizado. Se você descobre que adora liquidação de shopping mesmo só comprando dentro de suas possibilidades, tente não fazer isso durante alguns meses. E sinta mais ou menos o que está pedindo ao seu paciente: é extremamente dificil e causa estresse o que estamos pedindo.
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