Transtorno do Uso de Substâncias III
Falamos nas postagens anteriores já de condutas que adotamos no tratamento: evitar a repetição de comportamentos, acrescentar novas memórias, por exemplo.
Temos que falar afinal do que é isso. O que faz uma substância quimica se tornar tão importante na vida de alguém muitas vezes superando a própria idéia de vida, amigos, familiares, profissão?
Não acredito em visões simplistas nem no poder apenas da droga. É sem dúvida muito mais complexo.
Voltando á parte romântica do consumo de drogas que alteram a percepção e o humor, tão belamente abordada por humanistas como Aldous Huxley ( As portas da percepção), lembramos da nossa dolorosa condição humana. Sofrida mesmo que nas melhores condições de vida e saúde mental. Nossa consciência é limitada, alcançamos a certeza de nossa finitude sem conseguir ir além. Observamos sem entender a vastidão do universo sem saber o que somos, porque, para onde. Para uma pessoa sensivel isso seria motivo de dor existencial por si só. A solidão individal, no prazer e na dor, fez Huxley refletir muito também. Podemos ter empatia, mas jamais experimentamos a dor do outro. Huxley fala dos cristãos assassinados no Coliseu por leões. Mesmo entrando cantando juntos hinos de louvor, encarar seu próprio leão é uma tarefa solitária. Da mesma forma o prazer dos amantes é sentido de forma individual, mesmo na mais intima das relações. Solitáro demais ser um ser humano. Somos estrelas, aparentemente próximos mas distantes anos luz um do outro. Quem já subiu para a enfermaria para dar um parecer após ler o relato do colega que solicitou sabe como é distinta a impressão que o relato nos causou do ser humano que vamos encontrar. Empatia é o que nos resta. Mas não a dor ou esperança do outro. Como estou falando livremente com vocês, por determinação de fazer isso nessa pandemia do COVID-19, me veio á cabeça como nas aulas, o exemplo que vimos quando o Sr. Spock para os mais cultos ( rsrs) que como eu são apaixonados pr Star Treck, se conecta a outro ser, alienigena: ele sente. Nós não sonseguimos.
Vem talvez dessa falta a vontade de estar perto dos poucos seres humanos que parecem conseguir se aproximar de nossas almas. Que saudade daquelas pessoas! E quanta decepção quando percebemos que não era isso, era apenas nossa vontade de ser compreendidos.
Bom, e o que dizer daqueles com vidas miseráveis, sem opções de lazer, de crescimento individual, sem opção nenhuma além do trem de madrugada, superlotado, a fábrica com trabalho alienado e repetitivo, a volta em trem superlotado, o único lazer o bar da esquina- e são muitos nas perfiferias, e em toda parte. Ou talvez o lazer de um programa dominical de televisão?
Não sou original: Huxley dizia que para combater as drogas será necessário oferecer opções de vida melhor.
Tirando tantos problemas há a curiosidade de por alguns momentos, poder ser alguém diferente do que sou: vivo aprisionada em quem sou. Com uma droga posso experimentar uma alternativa desse ser que me aprisiona.
Pior ainda se esse ser que me prende sofre com depressão, ansiedade,outros distúrbios que causam muito sofrimento: " os arredores repulsivos de cada uma", Huxley de novo.
Simples curiosidade de ver o mundo de outra maneira, necessidade de fugir de um eu que me aprisiona e mata minha energia vital. Esse é o lado romântico: A Ilha, Admirável Mundo Novo, Carlos Castaneda, e tantos outros.
Falamos nas postagens anteriores já de condutas que adotamos no tratamento: evitar a repetição de comportamentos, acrescentar novas memórias, por exemplo.
Temos que falar afinal do que é isso. O que faz uma substância quimica se tornar tão importante na vida de alguém muitas vezes superando a própria idéia de vida, amigos, familiares, profissão?
Não acredito em visões simplistas nem no poder apenas da droga. É sem dúvida muito mais complexo.
Voltando á parte romântica do consumo de drogas que alteram a percepção e o humor, tão belamente abordada por humanistas como Aldous Huxley ( As portas da percepção), lembramos da nossa dolorosa condição humana. Sofrida mesmo que nas melhores condições de vida e saúde mental. Nossa consciência é limitada, alcançamos a certeza de nossa finitude sem conseguir ir além. Observamos sem entender a vastidão do universo sem saber o que somos, porque, para onde. Para uma pessoa sensivel isso seria motivo de dor existencial por si só. A solidão individal, no prazer e na dor, fez Huxley refletir muito também. Podemos ter empatia, mas jamais experimentamos a dor do outro. Huxley fala dos cristãos assassinados no Coliseu por leões. Mesmo entrando cantando juntos hinos de louvor, encarar seu próprio leão é uma tarefa solitária. Da mesma forma o prazer dos amantes é sentido de forma individual, mesmo na mais intima das relações. Solitáro demais ser um ser humano. Somos estrelas, aparentemente próximos mas distantes anos luz um do outro. Quem já subiu para a enfermaria para dar um parecer após ler o relato do colega que solicitou sabe como é distinta a impressão que o relato nos causou do ser humano que vamos encontrar. Empatia é o que nos resta. Mas não a dor ou esperança do outro. Como estou falando livremente com vocês, por determinação de fazer isso nessa pandemia do COVID-19, me veio á cabeça como nas aulas, o exemplo que vimos quando o Sr. Spock para os mais cultos ( rsrs) que como eu são apaixonados pr Star Treck, se conecta a outro ser, alienigena: ele sente. Nós não sonseguimos.
Vem talvez dessa falta a vontade de estar perto dos poucos seres humanos que parecem conseguir se aproximar de nossas almas. Que saudade daquelas pessoas! E quanta decepção quando percebemos que não era isso, era apenas nossa vontade de ser compreendidos.
Bom, e o que dizer daqueles com vidas miseráveis, sem opções de lazer, de crescimento individual, sem opção nenhuma além do trem de madrugada, superlotado, a fábrica com trabalho alienado e repetitivo, a volta em trem superlotado, o único lazer o bar da esquina- e são muitos nas perfiferias, e em toda parte. Ou talvez o lazer de um programa dominical de televisão?
Não sou original: Huxley dizia que para combater as drogas será necessário oferecer opções de vida melhor.
Tirando tantos problemas há a curiosidade de por alguns momentos, poder ser alguém diferente do que sou: vivo aprisionada em quem sou. Com uma droga posso experimentar uma alternativa desse ser que me aprisiona.
Pior ainda se esse ser que me prende sofre com depressão, ansiedade,outros distúrbios que causam muito sofrimento: " os arredores repulsivos de cada uma", Huxley de novo.
Simples curiosidade de ver o mundo de outra maneira, necessidade de fugir de um eu que me aprisiona e mata minha energia vital. Esse é o lado romântico: A Ilha, Admirável Mundo Novo, Carlos Castaneda, e tantos outros.
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