Postagens

Mostrando postagens de maio, 2020
O papel da droga Para que ocorra dependência uma droga deve: 1. proporcionar reforço positivo ( prazer ) imediato ou rápido 2. funcionar como reforço negativo ( aliviar o desprazer) e também rapidamente Esta primeira  característica de ação rápida que se traduz em farmacologia por farmacocinética, é importante para que haja associação entre o efeito da droga e a ingestão. Se o efeito demorar muito a associação não será feita. Fácil perceber:  se você consome hoje uma droga que trará grande euforia daqui a 6 meses dificilmente associará o efeito ao consumo. E a dependência não ocorrerá. Vemos a complexidade de uma sindrome que envolve também associação comportamental embora com complexos sistemas neuroquimicos.
O Indíviduo nas Dependências Embora nunca tenha sido determinada uma personalidade específica para as pessoas dependentes, há comorbidades psiquiátricas que  favorecem a dependência de substâncias. Na verdade um número grande de transtornos  aumentam a vulnerabilidade contribuindo para a posição dos profissionais de saúde que devem ser contra a propaganda de substâncias que podem levar à dependência.Aliás é também absurda a propaganda de medicamentos. Não são mercadorias comuns. São muitas as vulnerabilidades às dependências. Mas focando os transtornos psiquiátricos: Falamos no inicio dessa apresentação em como o ser humano deseja com frequência experimentar  por algum tempo pelo menos, ser outra pessoa, diferente daquela com quem convive o tempo todo, ele mesmo. Agora imagine que essa pessoa com quem ele está o tempo todo, ele mesmo, vive em constante sofrimento. Buscar alivio em um paraíso artificial e imediato passa a ser muito mais atraente.  É onde, além do tratamento imediato
Genética da Dependência: referência Brazilian Journal of Psychiatry Print version  ISSN  1516-4446 On-line version  ISSN  1809-452X Rev. Bras. Psiquiatr. vol.21  s.2 São Paulo Oct. 1999 https://doi.org/10.1590/S1516-44461999000600010   A participação da genética nas dependências químicas Guilherme Peres Messas 1 Resumo Este artigo procura examinar a questão da herdabilidade nas dependências químicas. Através da revisão de estudos em famílias, em gêmeos e de adoção, encontramos evidências para afirmar a importância dos fatores genéticos na transmissão da vulnerabilidade às dependências. Essa transmissão pode ser melhor compreendida através de um modelo epigenético de desenvolvimento do transtorno onde condições biológicas hereditárias associem-se a situações ambientais ao longo da vida para a produção da dependência. Neste artigo apresentamos essas condições biológicas intermediárias vinculadas ao alto risco para dependência, focadas no caso do álcool e da cocaí
Referências: craving e sono  Substance use outcome in cocaine-dependent tobacco smokers: A mediation analysis exploring the role of sleep disturbance, craving, anxiety, and depression ( 2019).   Journal of Substance Abuse Treatment   96: 53-57. Winhusen, TM, Theobald, J , Lewis, DF.   Sleep Management among patients with Substance Disorders.(   2018) Med .Clin N Am 102:733-743. Chakravorty, S,Vandrey, RG,He, S.Stein,MD.

Gênese tridimensional: sociedade, começando as caracteristicas do individuo

A gênese tridimendisional da adição a substâncias: ( veja a aula no psicofarmacologiadaalma ) Sociedade, família:  uma sociedade permissiva, imediatista na resolução de sentimentos negativos, consumista, uma sociedade que não permite oportunidades de realização a seus indivíduos, prazeres alternativos à droga,uma sociedade que faz as pessoas se sentirem desmotivadas em relação à sua capacidade de mudança do que vive....é a sociedade que propicia a dependência.  Famílias que demonstram às suas crianças churrascos regados à álcool como parte obrigatória da satisfação da festa fazem também esse papel facilitador. Sociedades que permitem a propaganda de drogas como a nossa que permite a propaganda do álcool seja explicitamente, seja através de filmes, novelas, onde para tudo há uma bebida oferecida, sociedades dos medicamentos para dormir, para tristeza, para tudo..Do sucesso social aplaudido inferiorizando outros com talentos diversificados..... Da demanda por visibilidade material d
Transtornos do Uso de Substâncias IV Bom, seria alguém totalmente consciente de si mesmo, possível presa de uma droga? Acredito que não. Aliás as pesquisas apontam a inteligência como fator protetor das dependências. Mas aí agora deixei a visão romântica humanista: vamos tratar. E chorar as perdas, e refletir como fazer melhor. E considerar que como em toda condição crônica em medicina, o paciente deve ser acompanhado para sempre e não abandonado após uma primeira abordagem que o levou à remissão. Há alguns anos o professor Maclellan ao nos ensinar que as dependências são doenças crônicas e como tal deixar de seguir o paciente e vê-lo recair apenas prova que o tratamento é eficaz e não o contrário como se fazia, explico: Tratamos  pacientes , eles ficam abstinentes e eu lhes dou alta. Um ano depois apenas 30% deles continuam abstinentes, qualquer que tenha sido o tratamento. Conclusão: vocês enxugam gelo, não adianta tratar dependência. Mas e se ao invés de dependente ele for hiper
Transtorno do Uso de Substâncias III Falamos nas postagens anteriores já de condutas que adotamos no tratamento: evitar a repetição de comportamentos, acrescentar novas memórias, por exemplo. Temos que falar afinal do que é isso. O que faz uma substância quimica se tornar tão importante na vida de alguém muitas vezes superando a própria idéia de vida, amigos, familiares, profissão? Não acredito em visões simplistas nem no poder apenas da droga. É sem dúvida muito mais complexo. Voltando á parte romântica do consumo de drogas que alteram a percepção e o humor, tão belamente abordada por humanistas como Aldous Huxley ( As portas da percepção), lembramos da nossa dolorosa condição humana. Sofrida mesmo que nas melhores condições de vida e saúde mental. Nossa consciência é limitada, alcançamos a certeza de nossa finitude sem conseguir ir além. Observamos sem entender a vastidão do universo sem saber o que somos, porque, para onde. Para uma pessoa sensivel isso seria motivo de dor exis
Introdução ao Módulo Dependências ou Adição ou Transtorno do Uso de Substâncias: II Falamos na postagem anterior da importância da nomenclatura pois ela explicita o que o médico  (entendido como todos os profissionais de saúde encarregados do tratamento) pensa do transtorno que pretende tratar. Assim, o conceito moral pode ser aqui abandonado, não nos interessa, ficando um outro que é o de doença. Então tratamos um doente. Nesse sentido um outro ponto negativo aparece: a pessoa tratada pode se colocar na posição passiva de paciente, deixando por conta do profissional todo o trabalho: doutora me dá um remédio para passar minha vontade de beber, por exemplo. Ou poderíamos ler por trás da demanda dos nossos pacientes: doutora me dá um remédio para que eu possa beber sem que me faça mal. E não é assim diante de tantas outras doenças crônicas?  Quero comer sem ter dislipidemia, quero ter saúde sem fazer exercícios físicos,quero dormir sem fazer a higiene do sono. Pois bem, a dependênc
Dependências Transtorno de Uso de Substâncias: introdução I  A leitura deve ser acompanhada da aula em power point publicada em  psicofarmacologiadaalma@blogspot.com Essa aula é destinada aos sextos periodos do curso de graduação em medicina da Universidade Federal Fluminense O nome Dependência Quimica foi recentemente substituido por Transtorno do Uso de Substâncias no DSM V, principalmente para evitar a vulgarização que o termo já  carregava assim como o anterior "vicio".  Vicio implica em conotação moral para o Transtorno e nunca deve ser utilizado porque é impossivel tratar algo que você considera imoral e não como algo que deve ser abordado terapêuticamente. Se o médico tem essa impressão do paciente não deve tentar trata-lo, porque a chance de insucesso será grande. Assim, o Transtorno de Uso de Substâncias que para facilitar pode ser chamado de Adição, é hoje considerado um padrão disfuncional de ingestão ou consumo de uma substância, que gera prejuizos para

Sono e Dependências

Sleep Regulates Incubation of Cocaine Craving After withdrawal from cocaine, chronic cocaine users often experience persistent reduction in total sleep time, which is accompanied by increased sleep fragmentation resembling chronic insomnia. This and other sleep abnormalities have long been speculated to foster relapse and further drug addiction, but direct evidence is lacking. Here, we report that after prolonged withdrawal from cocaine selfadministration, rats exhibited persistent reductionin nonrapid-eye-movement (NREM) and rapid-eye-movement (REM) sleep, as well as increased sleep fragmentation. In an attempt to improve sleep after cocaine withdrawal, we applied chronic sleep restriction to the rats duringtheir active (dark) phase ofthe day, which selectively decreasedthe fragmentation of REM sleep duringtheir inactive (light) phase without changing NREM or the total amount of daily sleep. Animals with improved REM sleep exhibited decreased incubation of cocaine craving, a ph